domingo, 5 de fevereiro de 2012

6º dia da Novena

 

Este mistério é grande

(Ef 5,32)

“Em sua pregação, Jesus ensinou sem equivoco o sentido original da união do homem e da mulher, conforme quis o Criador desde o começo. A permissão de repudiar a própria mulher, concedida por Moisés, era uma concessão devida à dureza do coração; a união matrimonial do homem e da mulher é indissolúvel, pois Deus mesmo o ratificou: ‘O que Deus uniu, o homem não deve separar.’ ” (Catecismo da Igreja Católica, 1614)

O matrimônio cristão fundamenta-se no amor de aliança de Deus com a humanidade desde a criação e alcança plena realização em Cristo e em sua nova e definitiva aliança conosco, por meio de sua Igreja. De acordo com a revelação bíblica, o matrimônio histórico esta orientado para Cristo e insere-se de modo especial em seu mistério pascal, a partir do qual devem ser entendidos os compromissos de fidelidade e de indissolubilidade, como também os acontecimentos da vida do casal. Até mesmo a cruz, morte e ressurreição fazem parte do processo de amadurecimento dos cônjuges, em vista do aperfeiçoamento no amor. O amor pascal é a verdadeira graça do sacramento do matrimônio.

O parâmetro do amor entre marido e a mulher é o amor de Cristo pela Igreja: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela.” (Ef 5,25) Aqui reside o grande mistério: “Este mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja.” (Ef 5,32). No matrimônio atualiza-se, a seu modo, na vida do casal, a eficácia sacramental do amor e da fidelidade de Cristo à sua Igreja. Ao selar com a Igreja, sua esposa, a nova e eterna aliança em seu sangue, Jesus institui todos os sacramentos, também o do matrimônio.

A relação do amor Cristo-Igreja aparece, pois, não só como ponto de comparação (como Cristo amou a sua Igreja), mas também como fundamento da relação entre o homem e a mulher (porque Cristo amou a Igreja). A união Cristo-Igreja, realiza plenamente o ideal querido por Deus ao criar o primeiro casal, Adão e Eva: se rum só coração e uma só carne. Essa plenitude prolonga-se na relação marido-mulher. “O comportamento prático do homem e da mulher deve se configurar segundo o padrão da obediência, amor, fidelidade e entrega existentes entre Cristo e a Igreja” ( Teologia do matrimônio Cristão – Paulus, 1993)

“...O Espírito, que o Senhor infunde, doa um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem, como Cristo nos amou. O amor conjugal atinge aquela plenitude para a qual está inteiramente ordenado: caridade conjugal, que é o modo próprio e específico com que os esposos participam e são chamados a viver a mesma caridade de Cristo que se doa sobre a cruz...” (Papa João Paulo II. Familiaris consortio, 13)

Toda ordem sacramental deve se entendida a partir do evento Páscoa-Pentecostes. O Espírito Santo. Prometido e enviado por Jesus, guia a Igreja em busca da verdade e mantém-na unida no amor. O mesmo Espírito é principio e fundamento do poder santificador dos sacramentos. “O Espírito Santo – que opera a santificação do Povo de Deus, através do ministério e dos sacramentos – confere, ainda, dons particulares aos fiéis, distribuindo-os a todos, um por um, conforme quer.” (Apostolicam actuositatem, 3)

O sacramento do matrimônio celebra a inserção do marido e da mulher no grande mistério da aliança que une indissolúvel e mutuamente Cristo à sua Igreja e é participação no dom do Espírito que está presente na comunidade eclesial, em cada um dos fiéis e particularmente nos esposos. O mesmo Espírito que operou a glorificação de Cristo soergue, dia após dia, os esposos, tornando-os sempre mais semelhantes a Cristo, esposo, e à Igreja, esposa. Tal transformação interior é fruto e expressão do amor de Deus que foi derramando nos corações dos esposos pelo Espírito Santo: “E a esperança não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5,5)

Tudo isso se realiza no também no matrimônio. A graça do matrimônio é também o Espírito santo. Somente com esta graça os esposos poderão cumprir sua missão e compromissos, desenvolver sua união e seu amor, permanecer na fidelidade e na entrega, se templos do Espírito santo e Igreja doméstica. A consagração criatural e batismal no Espírito desenvolve-se e especifica-se na consagração matrimonial pelo Espírito. A aliança matrimonial é igualmente uma aliança no Espírito, e o amor dos esposos é um amor que encontra sua solidez no Pneuma, como principio de renovação e de comunhão permantente.

Durante séculos, a teologia do matrimônio acentuou de tal modo – por vezes até unilateralmente – a procriação como elemento essencial do amor conjugal, que a relação sexual somente era considerada moralmente aceitável quando tivesse como objetivo explícito a geração de filhos. Na verdade, a vocação primeira do ser humano não é a de ser reprodutor, mas a de ser capaz de realizar comunhão de vida, a partir do amor mútuo. A procriação deve ser conseqüência desta experiência, interação interpessoal. Sem a primazia do amor, a geração humana perde sua particularidade, coloca-se no mesmo nível da reprodução dos irracionais. A vocação e a bênção divina não foram concedidas apenas em vista da geração de filhos, mas em primeiro lugar, para que o homem e a mulher se conhecessem reciprocamente e tornassem o mundo mais rico de amor. A geração de filhos deve ser fruto deste amor amadurecido. O “sede fecundos” não se refere simplesmente à procriação, mas também, e em primeiro lugar, à geração do amor mútuo entre os cônjuges, a fim de que a concepção não seja um acontecimento “normal” mas a expressão da verdadeira fecundidade do amor oblativo, verdadeiro e responsável.

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