domingo, 5 de fevereiro de 2012

8º dia da Novena

 

Herdeiros da graça da vida

(1 Pd 3,7)

“Quando o nosso ser profundo se volta para Deus e se entrega a ele livre e deliberadamente, na busca de ouvir a sua voz e não de ser ouvido, então há verdadeira oração”. A oração constitui a orientação mais profunda do espírito humano pelo Espírito de Deus! Ele viabiliza o encontro com Deus para além das palavras e dos meros sentimentos. É a contemplação do próprio mistério de Deus. É preciso, como Moísés, tirar as sandálias: ““Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. Eu sou, ajuntou ele, o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó...” (Ex 3,5-6) É necessário despojar-se de todas as seguranças e dos apegos humanos para adentrar no mistério e contemplar Deus. A consciência é o lugar sagrado onde se dá a verdadeira oração, é a terra santa onde Deus nos fala sobre a nossa “missão”. É Ele quem toma a iniciativa do dialogo: “Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzira o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama que saía do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. “Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome.” Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui!” respondeu ele.” ( Ex 3,1-4)

Quando decidimos ir ao encontro do Senhor pela oração, somos sempre ansiosamente esperados por Deus. Quando iniciamos nossos passos em direção a Deus, Ele sai ao nosso encontro, como saiu para abraçar o filho pródigo que retornava após a sua experiência de desamor. “Provai e vede como o Senhor é bom, feliz o homem que se refugia junto dele.” (Sl 33,9) A oração leva ao verdadeiro conhecimento de Deus e de sua soberana vontade, porque “conhecemos” a Deus, é na oração que o Senhor nos revela seus planos: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.” (Jo 15,15-16)

Rezar não é apenas uma opção: faz parte integrante e essencial da vida espiritual, cristã. Também não constitui uma fuga da realidade, uma evasão dos compromissos e da responsabilidades do dia-a-dia, mas um novo impulso para uma ação mais consistente e frutuosa, pois vamos fazer aquilo que Deus quer, portanto, vamos fazer o que precisamos fazer.

“A oração familiar tem como conteúdo original a própria vida de família, que em todas as suas diversas fases é interpretada como vocação de Deus e atuada como resposta filial ao seu apelo...” (João Paulo II. Familiaris consortio, 59) A espiritualidade conjugal está relacionada à graça sacramental própria do sacramento do matrimônio. Requer além do exercício das virtudes humanas e cristãs inerentes à vocação e aos compromissos batismais, as virtudes específicas da vocação matrimonial: vivência diária da comunhão com Deus e conseqüentemente da comunhão entre marido e mulher, segundo o exemplo do amor de Cristo pela Igreja, a fidelidade na esperança e a entrega de vida no Espírito Santo: o amor. Na redenção permanente do amor conjugal pela vitória sobre as paixões, pela superação de qualquer espécie de egoísmo, pela sublimação e purificação do amor recíproco, pela alegria de viver juntos, pelo caminho comum a ser percorrido, pela abertura de coração, os cônjuges vão construindo uma história comum: A HISTÓRIA DE SUAS VIDAS EM DEUS – por isso ele se tornará DURADOURA ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE.

Somente desta forma os casais cristãos inserem-se no mundo secular e cumprem sua missão profética, sacerdotal e pastoral no sentido de difundir e defender a fé cristã como testemunhas de Cristo, onde quer que vivam, por meio da criação e da educação dos filhos e da participação ativa na comunidade eclesial e civil.

Como os demais cristãos, os casais, santificados pela graça do matrimônio, devem alimentar-se das fontes da espiritualidade cristã – a meditação e a escuta da Palavra de Deus, a celebração frutuosa e consciente dos sacramentos, a vida de oração, a prática da ascese e da caridade fraterna, o aprofundamento da fé através de encontros de formação, a orientação espiritual, práticas devocionais, etc... – a família deve viver à luz do Evangelho, seguindo Jesus, o esposo, em sua doação total à Igreja, sua esposa. O amor que fundamenta a vida conjugal, é antes de tudo, um dom, uma graça: é preciso pedi-la. Encontrar Deus e ouvi-lo é o objetivo da verdadeira oração. Na vida conjugal os esposos realizam essa busca não apenas individualmente, como cristãos, mas em comum, como casal.

A espiritualidade conjugal é marcada, como vimos, pela promoção do amor, pela fecundidade num horizonte mais amplo, pela fidelidade permanente, pelo compromisso evangelizador. A fecundidade não se restringe à procriação e a educação dos filhos; a fecundidade espiritual faz com que os esposos estejam abertos à geração da vida, em todos os sentidos. Com a força do Espírito santo, Senhor e fonte de vida, o casal cristão torna-se fecundo nos relacionamentos, nos desejos, nos empreendimentos, com o cônjuge, com os filhos e com todos os que o cercam. Vale aqui a máxima popular: “FAMILIA QUE REZA UNIDA, PERMANECE UNIDA”.

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